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JECC 3 - OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE NO CENÁRIO DE PANDEMIA

THE CHALLENGES OF TEACHING PRACTICE IN THE PANDEMIC SCENARIO

 

 

Alberto Luis Chaves1

Delma Köhler Chaves2

Fernanda Schmitt Müller3

 

RESUMO: Este texto reflete as atividades desenvolvidas na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado IV, do curso de Pedagogia do Centro de Educação a Distância, da Universidade do Estado de Santa Catarina. Esse estágio ocorreu no primeiro semestre de 2021, com a turma do terceiro ano da Escola Municipal de Braço Norte/SC. Adotamos a metodologia da sequência didática, por meio da qual abordamos o tema “respeito ao próximo e a diversidade: conhecendo melhor a si mesmo, ao outro e o seu espaço de vivência para reconstruir valores”. Os objetivos propostos na sequência didática foram atingidos com êxito, uma vez que foram aulas bem participativas, motivadoras, cheias de possibilidades de descobertas pelos educandos, tanto com relação a si mesmos como dos colegas a sua volta. Ao observarem seu espaço de vivências refletiram sobre suas atitudes e possibilitaram-lhes repensar suas práticas. A prática docente no cenário da pandemia proporcionou uma reflexão sobre a práxis pedagógica nessa etapa da educação básica. Além disso, contribuiu para qualificar a prática docente no campo de estágio, como consequente necessidade de articular o conhecimento teórico com as práticas pedagógicas.

 

Palavras-Chaves: Docência; Estágio; Inclusão.

 

ABSTRACT: This text reflects the activities developed in the discipline of Supervised Curricular Internship IV, of the Pedagogy course at the Distance Education Center, at the University of the State of Santa Catarina. This internship took place in the first half of 2021, with the third-year class of the Municipal School of Braço Norte/SC. We adopted the didactic sequence methodology, through which we approach the theme “respect for others and diversity: getting to know oneself better, the other and their living space to rebuild values”. The objectives proposed in the didactic sequence were successfully achieved, as they were very participatory, motivating classes, full of possibilities for discoveries by the students, both in relation to themselves and to the colleagues around them. By observing their space of experiences, they reflected on their attitudes and enabled them to rethink their practices. The teaching practice in the pandemic scenario provided a reflection on the pedagogical praxis in this stage of basic education. In addition, it contributed to qualifying teaching practice in the internship field, with the consequent need to articulate theoretical knowledge with pedagogical practices.

 

Key words: Teaching; Internship; Inclusion.

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

 

O Estágio Curricular Supervisionado IV ocorreu em uma turma de terceiro ano de uma Escola Municipal, localizada no município de Braço Norte/SC, com alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental. O planejamento para o referido estágio baseou-se no tema “Respeito ao próximo e a diversidade: conhecendo melhor a si mesmo, ao outro e ao seu espaço de vivência para reconstruir valores”. Esse planejamento partiu do pressuposto de se incluir ou potencializar o exercício da empatia, do diálogo, da cooperação e do respeito, inicialmente no contexto escolar.

A opção pelo tema foi teve como objetivo permitir aos alunos melhor se conhecerem a si mesmos, aos colegas a sua volta e ao seu lugar de suas convivências e, assim, ressignificar certos valores e melhorar o respeito no ambiente escolar, principalmente entre alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental, adotando-se atitudes positivas entre as pessoas diante das diferenças étnico-raciais e étnico-culturais, respeito esse a ser praticado para um melhor convívio numa sociedade democrática e plural. 

No decorrer deste artigo caracterizamos o campo de estágio, a intervenção docente como práxis pedagógica nessa etapa da educação, descrevendo análises e reflexões sobre a experiência no referido campo de estágio, concluindo com as considerações finais e as referências que embasam teoricamente este texto.

 

2 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

O estágio ocorreu no primeiro semestre de 2021, com a turma do terceiro ano de uma Escola Municipal de Braço Norte/SC, a qual é constituída por 17 alunos no total, dos quais 9 são meninos e 8 são meninas. Em contexto de pandemia, a turma se reduziu a 5 alunos, os quais realizaram todas as atividades pela via online, foram acompanhados por outra professora que substituiu a regente da classe. Os demais 12 alunos frequentam a classe regularmente. Segundo a professora, não há alunos com necessidades especiais. Dessas crianças, apenas 5 alunos ainda não estão alfabetizados, motivo pelo qual a referida professora solicitou que todas as atividades, elaboradas durante o estágio, fossem redigidas em caixa alta.

A professora relatou que troca informações com a professora regente por via online e que seus alunos enviam a ela todas as atividades propostas. Também destacou que as crianças que participam das aulas presenciais são alunos muito esforçados e que progridem a cada dia, apresentando, portanto, um bom rendimento cognitivo-pedagógico.

Torna-se importante ressaltar que no momento de realização do estágio em formato remoto, a escola ainda não apresentava seu Projeto Político Pedagógico (PPP). Assim, as informações obtidas para a realização do estágio basearam-se nas informações recebidas da diretora e da professora regente da turma.

 

2.1A Intervenção Docente como Práxis Pedagógica nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

A prática docente na formação em Pedagogia é o complemento da teoria. Desse modo, durante a disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III realizou-se a observação da prática pedagógica nos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola de educação básica situada no Município de Jaraguá do Sul. No primeiro momento procuramos conhecer o ambiente escolar, os alunos, um pouco sobre a prática da professora regente e averiguamos possíveis problemáticas para, posteriormente, refletir sobre cada situação. Após essa observação, passamos a realizar uma pesquisa-ação mediada pelo uso das tecnologias, a distância. Para este fim, elaboramos um projeto de intervenção, voltado para os anos iniciais. Como as aulas aconteceram de modo remoto durante todo o restante do ano, e não se abriu campo para os estagiários lecionarem nesse novo formato de ensino, a prática não se concretizou. Logo, o processo de intervenção foi adiado para o próximo ano, para concluir esse processo. Porém, ainda devido à pandemia se estender e a referida escola não aceitar estagiários no sistema híbrido, deu-se uma intervenção docente de modo remoto na turma do terceiro ano do Ensino Fundamental da mesma Escola Municipal de Braço do Norte/SC.

Já estávamos com o projeto de intervenção pronto, quando fomos surpreendidos com mudança de turma, de escola, de Município. E a nova realidade foi uma nova releitura que se fez necessária para as devidas adaptações. Durante a releitura do novo campo de estágio, averiguamos junto à professora regente a mesma necessidade de trabalharmos o tema anteriormente proposto. Nesse caso, deram-se consideráveis alterações no planejamento de estágio devido ao novo contexto, porém a temática foi mantida.

Durante a leitura de contexto, na turma do terceiro ano da primeira escola adotada, observou-se a necessidade de oportunizar momentos que se destinassem na melhora das relações interpessoais no cotidiano escolar, pois, devido às diferenças, percebemos enraizadas certas dificuldades de relacionamento entre os pares. Além disso, percebemos a prática do bullyingpor , ao constatarmos falta de respeito a certos colegas devido às diferenças.

Sendo assim, propôs-se trabalhar a diversidade, considerando-se a necessidade de respeito ao próximo. Então, primeiramente orientamos às crianças a respeitarem-se a si mesmas estendendo sua compaixão e empatia ao próximo para que se possa formar cidadãos menos preconceituosos, capazes de manter uma interação positiva entre os sujeitos que merecem viver com dignidade. Conforme a BNCC (2017), algo que não pode faltar no ambiente escolar, tanto público como privado, é o exercício da empatia, do diálogo, da cooperação e do respeito.

Nos Anos Iniciais busca-se formar crianças mais autônomas que sejam capazes de “[...] cuidar de si e do mundo ao seu redor” (BRASIL, 2017, p. 355). Logo, trabalhar com o tema “respeito à diversidade na escola”, torna-se primordial por possibilitar que as crianças tenham um desenvolvimento saudável ao levar em conta suas ideias e habilidades, e assim, como indivíduo virem a conhecer melhor a si, bem como ao outro. 

A escola pode proporcionar mediações que venham a fazer as crianças compreenderem melhor o contexto em que vivem e moldar sua estrutura cognitiva, emocional, física e social, a fim de respeitar ao próximo e a si mesmo. Essa proposta se pauta na oitava competência da BNCC (2017) a qual prevê o autoconhecimento e o autocuidado, visando que os alunos venham a conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções, as dos pares e da humanidade em geral.

Por fim, trabalhar com o tema respeito ao próximo e diversidade, de modo interdisciplinar e lúdico, possibilitou que os alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental, de uma Escola Municipal de Braço do Norte, fizesem uma leitura de mundo, lendo seu espaço, sua história, a tornarem-se crianças mais autônomas e capazes de cuidar de si e do mundo com mais empatia, diálogo, cooperação e capacidade de resolução de problemas através do acolhimento e da valorização da diversidade. 

 

2.2 Análises e reflexões sobre sua experiência docente no campo de estágio em tempo de pandemia

 

Nossa prática de estágio, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, desenvolveu-se em três etapas, abarcando do primeiro ao sétimo momento do projeto de intervenção docente, e foi aplicado entre os dias 23/04/21 a 28/04/2021. Já o oitavo e o nono momentos, sendo desenvolvidos entre 10/05/21 a 14/05/21. As diversas atividades foram aplicadas entre 20/05/21 e 21/05/21. Essa fragmentação ocorreu devido a finalização do trimestre. Nesse caso, a professora regente necessitou realizar as avaliações e as recuperações, pertinentes aos conteúdos anteriormente trabalhados. O plano de intervenção foi elaborado abarcando, dentre outros, conhecimentos de História, Geografia e Língua Portuguesa, além de promovermos a interrelação com o tema “diversidade e o respeito às diferenças”, abordados na disciplina de Educação Sexual. Essa interdisciplinaridade foi necessária e contribuiu para uma visão mais ampla durante as abordagens temáticas.

O foco de nosso projeto de intervenção previa trabalhar com o respeito ao próximo e às diferenças, tema trabalhado de modo lúdico e interdisciplinar, a fim de instrumentalizar as atividades diversificadas, tanto pelo uso de música, como por meio de poemas, contação de histórias, elaboração de tirinhas e diversas outras dinâmicas, além de promovermos rodas de conversa, pesquisas/questionários/entrevistas, desenhos, projeção de imagens virtuais, vídeos e mapas mentais.

Para dar início ao estágio elaboramos slides de apresentação dos estagiários, ilustrados com fotos, descrições e áudios de motivação. Seguimos apresentando uma proposta também de apresentação por parte dos alunos, o que se deu em forma de entrevistas aos colegas, com o intuito de interagirem entre si e descobrirem novas informações sobre seus colegas de sala de aula.

No segundo momento contemplamos os alunos com a hora da contação da história do "Príncipe Cinderelo”, de Babette Cole. Essa história objetivou uma reflexão sobre o preconceito e os modelos de feminilidade e masculinidade impostos pela mídia. Essa atividade principiou com uma breve observação da capa desse livro e depois apresentamos uma contação gravada em vídeo, e, ao mesmo tempo, nos intervalos, folheamos as páginas dessa obra.

Então seguiu-se o terceiro momento, no qual foi constituída uma roda de conversa sobre os assuntos contidos nessa trama. Esse foi o momento de explorar as características dos personagens, suas atitudes, o preconceito e a violência que o príncipe sofria por ter características físicas diferentes das dos seus irmãos. Ressaltou-se a importância de quebrarmos paradigmas, tais como os dos padrões de beleza, impostos pela mídia, para que as crianças se conscientizassem da necessidade de se respeitar todas as pessoas como elas são. Aqui, ainda coube provocar uma reflexão sobre os acontecimentos que se passaram na história, que apesar de ser apenas um conto fictício, comentamos que situações semelhantes acontecem também na escola e na sociedade. Foi uma oportunidade de falarmos sobre o bullying que também acontece nos diversos ambientes que os cercam.

Por fim, foi a vez dos alunos escreverem uma carta para o príncipe Cinderelo, aconselhando-o de como ele deveria agir diante das diferenças. Essa carta foi produzida em conjunto, com a participação dos alunos e da professora, sendo digitada no computador, projetada para todos e salva slides. Os alunos adoraram a história e também fizeram analogia à história da Cinderela, elencando as semelhanças e as diferenças entre essas obras.

No quarto momento foi marcado pela leitura do poema cujo tema tratou da diversidade, de autoria de Tatiana Belinke. A proposta foi continuar as reflexões sobre as diferenças e ainda trabalhar a gramática de forma contextualizada. Além de praticar a leitura, foi oportuno pensar sobre as diferentes características físicas, emocionais, tanto sobre a personalidade como acerca do comportamento das pessoas. Coube nesse momento pensar ainda sobre o que é a diversidade, a importância da diversidade de etnias e quais as vantagens que as diferenças podem gerar, como por exemplo, nos acrescentar conhecimentos sobre uma deficiência para despertar a consciência das crianças de que não somos melhores que ninguém.

Na quinta etapa exploramos a interpretação textual de tirinhas relacionadas com o tema respeito à diversidade. Nesse momento foi a vez de os alunos discutirem entre em grupos as questões implícitas e explícitas contidas nos textos. Então eles destacaram tanto palavras como imagens para que se desse a ressignificação do texto. Após a troca de ideias nos pequenos grupos, deu-se a socialização das impressões deles que juntos construíram novos conhecimentos, explorados nas tirinhas de Armandinho. Segundo a professora regente, os alunos conseguiram interpretar adequadamente as historinhas e isso foi um momento muito significativo para os alunos.

O sexto momento contou com dinâmica do espelho na caixa, que foi harmonizada com o som de uma música clássica. Assim, depois de certo suspense a professora solicitou que cada um dos alunos se dirigissem a uma caixa surpresa. A professora orientou que um a um deviam abrir e observar (sigilosamente) o que enxergavam dentro dessa caixa, para depois descrevessem cinco adjetivos para aquilo que viram. Em seguida, teriam de pensar e escrever essas cinco qualidades no papel. Após todos participarem dessa dinâmica, foi feita uma socialização do que eles pensavam sobre si mesmos. A partir dessa atividade foi possível fazer com que os alunos refletissem sobre como cada um se vê e a importância de eles se respeitarem e também de respeitarem os outros em suas diferenças. Para tornar esse momento mais lúdico, usou-se a música “Ninguém é igual a ninguém”. Ouvira a melodia, analisaram a letra, cantaram e depois anotaram os adjetivos contidos nela. Segundo a professora regente, essa dinâmica tornou-se uma atividade prazerosa e produtiva para eles.

No sétimo momento instigou-se a pesquisa para a descoberta da origem dos sobrenomes dos alunos no site Family Search, a fim de averiguar sua descendência, conforme suas características e de seus familiares. Depois, debateu-se acerca das diferenças étnicas e culturais do povo de Braço do Norte. Para isso, tiveram como fonte de pesquisa um mapa-múndi para identificar a localização dos países de onde emigraram seus antepassados. Também verificaram de onde procedia o maior número do mesmo sobrenome. Como cada aluno tinha dois sobrenomes, foram pesquisados cada um deles, com o intuito de descobrir maiores informações sobre suas origens, enviando questionários para casa a fim deles responderem com o auxílio dos seus respectivos pais.

Para o oitavo momento foi organizado um mural com fotos antigas, pré-selecionadas de alguns pontos do Município. E como tarefa para casa propôs-se a socialização das respostas aos questionários que foram levados como tarefa de casa. Esse foi um momento para eles refletirem sobre a lição que a história ensinou. Ainda discutiram sobre as fontes históricas e também sobre quem faz a história. Promovemos uma roda de conversa sobre as mudanças e permanências de pontos turísticos e construções históricas, também sobre as alterações feitas em áreas rurais e em áreas urbanas. Foram apontados os lugares mais atrativos do Município. Como tarefa os alunos precisaram pesquisar o porquê do nome da rua onde cada qual morava. Foram relacionados nessa ocasião quais são os eventos culturais que acontecem em Braço do Norte. Os alunos listaram os lugares que mais frequentam com suas famílias. Por último, deu-se uma socialização de fotos antigas e de suas histórias de acordo com os relatos ouvidos em casa na entrevista/questionário.

A nona atividade seria, inicialmente, um passeio pelo bairro. Porém, devido ao contexto de pandemia, essa atividade não aconteceu. Por isso, substituímos essa saída de campo por um vídeo em que o autor filma diversas ruas da cidade de Braço do Norte. Nessa atividade, adaptada sobre o bairro, fez-se uma interação muito produtiva quando falamos de cada lugar e das transformações de certos lugares do Município. Foi uma aula produtiva e interativa, por meio da qual os alunos reconheceram os locais vistos no vídeo, apontaram e fizeram intervenções, identificando as mudanças ocorridas naqueles locais reconhecidos por eles. Desse modo, atingimos o objetivo de reconhecermos o que evoluiu em Braço do Norte.

Na décima atividade, observamos os conhecimentos prévios dos alunos com relação às definições de lugar, espaço, paisagem natural, paisagem cultural, região, território, bem como eles reconheceram as características básicas das áreas rurais e urbanas. De maneira interacionista e dialógica, nosso intuito era que apenas caracterizassem as imagens contidas nos slides. Também foi possível, por meio do levantamento feito de certas questões, de como se deram os processos culturais e históricos que atuaram na produção e/ou na mudança das paisagens naturais e antrópicas dos locais observados no vídeo apresentado, e estabelecemos um comparativo entre esses aspectos. Por fim, propusemos aos alunos a elaboração de um desenho, que contemplasse a área rural e a área urbana do município.

O décimo primeiro e décimo segundo momentos objetivaram uma representação cartográfica do trajeto de cada aluno de sua casa até a escola. A proposta era, a partir do endereço da escola, eles reconhecerem por meio de vídeos e imagens do Google Earth, reconhecerem as Ruas Ângelo Volpato e João Bloemer Filho (ruas da frente e lateral da escola) dentro dos limites do bairro, que está localizado dentro do seu Município este inserido no nosso Estado que está situado dentro do nosso país. Por fim, os alunos poderiam reconhecer o Brasil no planeta Terra. Deu-se, portanto, a descoberta dos alunos quanto à origem dos nomes das suas respectivas ruas, em especial as que contornam a escola, e também o resultado da investigação quanto à descendência e sobrenome de cada qual, além de cada um explicar o que é um mapa mental e como é esse procedimento, tais como pesquisar o nome das suas respectivas ruas, também passaram a reconhecer as legendas, mesmo que essa tarefa tenha recebido a ajuda dos pais.

No décimo terceiro momento se propôs falar sobre as etnias e culturas do Município de Braço do Norte. O intuito dessa atividade era partir da definição do que é foi reconhecer suas respectivas etnias, a fim de que os alunos valorizassem a diversidade étnica e também sua cultura. Depois, numa roda de conversa, tentamos comparar as respostas das pesquisas com os pais com os elementos da história do Município. Os alunos identificaram quais foram os primeiros colonizadores de Braço do Norte (alemães, italianos e portugueses), seus pontos turísticos, suas festas típicas, suas tradições. O debate final foi a respeito das diversidades étnicas que eles reconhecem, a partir da própria sala de aula e principalmente em suas famílias. Por fim, cada aluno registrou as diferenças étnicas através de um desenho.

Em relação às atividades propostas no formato remoto e o material encaminhado, a professora regente nos deu como devolutiva que foram atividades bem elaboradas, razão pela qual os alunos demonstraram facilidade durante o período de aplicação das atividades, e também devido à orientação da docente.

Todo processo pedagógico durante esses treze momentos se deu de forma contínua e processual. Ou seja, os alunos foram observados em todos os momentos. Durante as aulas realizamos registros por meio de fotos, vídeos e anotações no próprio planejamento. Ao final de cada grupo de atividades aplicadas, a professora regente nos repassava um relato sobre as aulas e sobre as participações e o desenvolvimento dos alunos. Ela sempre manteve um olhar observador, mediador, crítico e atento nesse processo de aprendizagem da criança, permitindo acompanhar as suas conquistas, suas dificuldades e suas possibilidades ao longo da prática.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Acreditamos que o planejamento nunca deve ser estático e sim flexível. A cada parada para reflexão sobre nossa prática pedagógica, houve adaptações conforme surgiam as necessidades, tais como as mudanças de escola, de cidade, de aplicação, de turma, de adaptações ao nível dos alunos. E até mesmo quando se dava a afloração da criatividade, agregamos novas propostas ao plano de aula na busca de complementar o processo didático com atividades significativas ao contexto das crianças e dentro dos limites e possibilidades que o atual momento de pandemia exige.

De todo processo, desde a elaboração do projeto de intervenção docente até esse estudo de estágio, houve desafios que permearam esse percurso, tais como a impossibilidade de estar no campo de estágio para real observação, planejamento e reconhecimento presencial dos alunos, já que não conhecemos as vivência deles e suas atitudes, seus saberes prévios, suas posturas e suas condutas, bem como não ter um panorama avaliativo presencial desse processo de ensino-aprendizagem, constituindo-se apenas relatos como este.

Ainda se configurou o desafio de não termos uma compatibilidade de horários disponíveis entre os estagiários e a escola e nem tecnologias que viessem a favorecer aulas síncronas, bem como tempo hábil para a professora regente aplicar essas atividades em um tempo escasso, pois não foi propiciado prazos necessários para findar esse estudo. Outra questão negativa foi a mudança de unidade escolar e de turma nesse percurso que exigiu um retrabalho em função das alterações e adaptações ao longo da nossa caminhada.

Segundo a professora regente da turma, todos os objetivos propostos na sequência didática foram atingidos com êxito, uma vez que foram aulas participativas, motivadoras, gerando descobertas dos alunos sobre si mesmo, do outro a sua volta e de seu espaço de vivências, fazendo-os refletir sobre certas atitudes nocivas que os fizeram repensar suas práticas cotidianas.

Por fim, essa nova experiência de construção de sequências didáticas interdisciplinares, oportunizadas durante o Curso de Pedagogia e também a partir do período de preparação de materiais a serem utilizados por outro professor interessado em nossas metodologias, foi bem significativa para a nossa formação e, inclusive, inspirou a possibilidade de posterior criação de novas sequências didáticas nessas mesmas perspectivas ou quem sabe sirva de motivação para produzirmos apostilas a serem disponibilizadas e publicadas com intuito de iniciar a desconstrução e fragmentação dos conteúdos das diversas disciplinas curriculares.

 

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1 Acadêmico do Curso de Pedagogia. UDESC/CEAD.

2 Acadêmica do Curso de Pedagogia. UDESC/CEAD.

3 Acadêmica do Curso de Pedagogia. UDESC/CEAD.

 

JECC IV - 2022