As principais características dos jovens da Geração Y são a impaciência, liberdade nos relacionamentos e total ambientalização com a era digital. Esta geração sente uma grande necessidade de ter voz ativa, são multitarefeiros, dinâmicos e não aceitam o autoritarismo intransigente.
Mas será que os professores, boa parte pertencente a Geração Baby Boomer, estão preparados para lidar com as gerações Y e Z?

Até pouco tempo, crianças, jovens e adultos eram colocados em salas de aula semelhantes, como se seus comportamentos fossem iguais, não importando a faixa etária e as características da época que viveram.
Hoje, as mudanças no comportamento são nítidas e existe uma crescente necessidade de nomeação das gerações, de forma a não alinhar as mesmas características a indivíduos de épocas diferentes.
Vale lembrar que, sociologicamente, as gerações não possuem um limite fixado pela idade e que a geração anterior influencia a geração seguinte. Hoje convivemos com cinco gerações diferentes, em conflito constante.
Conheça um pouco de cada uma:
Tradicional – nascidos entre 1920 e 1945, corresponde a nossas avós e avôs,
Características: Esta geração enfrentou a guerra mundial e precisou reconstruir o mundo e sobreviver. São pessoas dedicadas, gostam de hierarquias rígidas, têm dedicação no trabalho e sacrificam-se para alcançar seus objetivos.
Baby Boomer – nascidos entre 1945 e 1960
Características: Quando jovens, romperam padrões comportamentais e lutaram pela paz. Otimistas, puderam pensar e transmitir valores pessoais e boa educação a seus filhos. São focados e preferem agir em consenso com os outros.
Geração X – nascidos entre 1960 e 1980. A geração da maioria dos professores.
Características: Esta geração sofreu a influência da televisão e devido às condições da sociedade na época, puderam pensar em qualidade de vida, liberdade no trabalho e nas relações. Durante a crise e o desemprego da década de 80, tornaram-se céticos e superprotetores com os filhos, os bens e o trabalho.
Geração Y – nasceram entre 1980 e 1999. Esses “novos jovens” fazem parte da geração Y.
Características: Cresceram em um mundo mais estável, tiveram uma educação mais aberta, maior liberdade com os pais e maior autonomia para tomar as próprias decisões. Segundo o professor de física, Marlon Vinícius Soares, mestre em ciência e engenharia de materiais pela UFPR, durante palestra aos profissionais da educação, na SOCIESC, a geração Y é caracterizada, em geral, pela busca de conhecimento e reconhecimento, curiosidade, pela necessidade de mudanças e pela linguagem rápida.
“Acredito que a principal característica dessa geração é a capacidade de serem multitarefas. É comum ouvirmos relatos de pais que encontram seu filho(a) no quarto ouvindo música, com a TV ligada, dois ou três cadernos jogados sobre a mesa, computador ligado no MSN, Facebook e mais algumas janelas abertas. O pai pergunta: o que você está fazendo? E o filho prontamente responde: ‘Estou estudando’”.
Geração Z – A quem diga que está surgindo uma nova geração, denominada Z, dos nascidos de 2000 a 2010.
Características: É uma geração ainda em formação, com grande preocupação com o meio ambiente, totalmente conectados à internet e nos dispositivos portáteis. “Apesar de existirem alguns estudos apontando características da geração Z, é arriscado fazer uma análise precisa, pois os primeiros representantes da geração Z, ainda não têm papel ativo na sociedade e suas características ainda não estão manifestas.
Acredito que certas características como o dinamismo, a interatividade e a conectividade da da geração Y, devem persistir”, arrisca Marlon.
Confronto entre duas, três, quatro gerações...
Facebook, twitter, Google +, Iphone, Ipad, internet, 3G...
Muitos dos professores que estão lendo esta reportagem não conhecem alguns dos equipamentos ou serviços descritos no início no texto. Ao mesmo tempo, seus alunos, jovens e até mesmo as crianças, estão totalmente conectados na internet, telefonia celular, notebook, conversam por chats com pessoas de outros países e estão expostos a inúmeras formas diferentes de pensar e de agir instantaneamente.
Seus alunos já cresceram em um ambiente digital e cercado por aparelhos eletrônicos. Ou seja, o mundo digital faz parte da rotina.
São gerações díspares, que cresceram em momentos econômicos, sociais e tecnológicos muito diferentes, mas que convivem na escola. O choque de gerações se dá num espaço que, à primeira vista, pouco mudou desde que nossos avós e bisavós a conheceram. Em sua grande maioria, o formato da escola continua o mesmo.
O objetivo é ensinar, sim. Com carteiras enfileiradas, alunos mudos para ouvir o professor e copiar do quadro negro escrito a giz... Vez por outra, trabalhos em grupo ou apresentação em slides.
Ao ultrapassar os portões da escola, essa não é a rotina do aluno. Mesmo na sala de aula, o estudante lembra que há um mundo incrivelmente interessante lá fora. Enquanto ali é ouvir, ouvir, ouvir. Com algumas exceções.
Então, o grande desafio é tornar a escola um ambiente atrativo para o estudante da Geração Y ( e da Z que esta chegando).
A cada nova geração e quanto menor a criança, menor o tempo de concentração e não somente no ensino fundamental ou médio. Atualmente, trabalha-se com o tempo máximo de 15 minutos. Acredita-se que o tempo médio de concentração das crianças pequenas não passa de sete minutos.
A mídia tem aproveitado cada vez mais esta informação para elaborar programas de TV, desenhos animados e outros programas mais dinâmicos e rápidos. Afinal, o objetivo é prender a atenção o maior tempo possível.
Multitarefeiros... O lado ruim
Pesquisa das universidades de Stanford e Utah, nos Estados Unidos, aponta que nem sempre ser uma pessoa multitarefas é positivo. O perfil é comumente associado à geração Y e pode ser sinônimo também de falta de atenção e de trabalho mal feito.
O professor e membro do departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Arthur Kümmer, em entrevista à Revista Planeta, revela que todos podem dividir sua atenção em mais de um foco, porém, quanto mais atividades forem executadas, menos atenção sobra para cada uma delas em particular.
As tarefas geralmente não são realizadas simultaneamente. Ao realizar a tarefa de escola e checar perfis nas redes sociais, o estudante pára uma atividade para iniciar a outra. Então o que ocorre é a troca de atividades em um curto período de tempo. Alguém que realize duas atividades ao mesmo tempo e com o mesmo nível de excelência é exceção e não regra.
Com o tempo de concentração reduzido, os jovens podem sofrer ao chegarem ao mercado de trabalho, pois muitas empresas exigem altos níveis de concentração em seus procedimentos e longas horas em reuniões.
Clifford Nass, do laboratório de Comunicação entre Humanos e Mídia Interativa da Universidade de Stanford alerta para que as crianças e adolescentes, principalmente entre oito a doze anos invistam mais tempo nos relacionamentos presenciais. Ele explica que o contato humano é essencial, pois aspectos como tom de voz, postura, gestos e expressões faciais são muito importantes e só podem ser entendidos através da relação entre as pessoas. CONTINUA...
NOTA DA REDAÇÃO: Leia nas próximas edições do Jornal da Educação a continuação desta reportagem sobre o conflito de gerações e conheça algumas sugestões de atividades que podem transformar tornar a rotina de suas aulas.